• Risco das pragas não diminui no inverno

    Risco das pragas não diminui no inverno
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    O inverno começa em junho, mas ao contrário do que as pessoas imaginam, este não é o momento de baixar a guarda no controle de vetores e pragas. A sensação é de que as temidas baratas, mosquitos e ratos, por exemplo, reduzem sua circulação nos ambientes. “Com as temperaturas mais baixas, há um aumento no intervalo do ciclo de reprodução das pragas e realmente vemos menos insetos e animais circulando, mas não significa que eles não estejam nos ambientes. Portanto, recomenda-se manter as ações de controle nesta época do ano”, afirma Sérgio Bocalini, biólogo e vice-presidente executivo da Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas (APRAG). O especialista alerta que em casas e apartamentos, o controle deve ser realizado a cada 90 dias, no máximo. Portanto, quem fez o último trabalho de dedetização no verão, já precisa ficar de olho para marcar a visita de uma empresa especializada. 

    “O cenário ideal seria o controle mensal, mas muitos não têm condições financeiras para seguir esse critério à risca. Então, 90 dias é o máximo que os produtos para controle de pragas fazem efeito, pois são biodegradáveis. A molécula do inseticida se degrada aos poucos com a presença da água. Por isso, é importante manter a manutenção em dia para evitar a presença de baratas, formigas, mosquitos, aranhas, entre outros insetos e aracnídeos”, afirma. Já nos escritórios, condomínios, fábricas e demais estabelecimentos comerciais o indicado é que se estabeleça contratos mensais com uma empresa especializada para fazer o serviço de controle. 

    “Com isso, é possível monitorar de perto a situação e, no caso de qualquer infestação, a companhia terá maior embasamento para fazer o combate à praga, seja nos aspectos químico, físico ou mecânico”, argumenta Bocalini. Nas residências e ambientes com animais domésticos, devem ser tomados cuidados. Cães, gatos, pássaros e peixes precisam ser retirados do ambiente durante a aplicação e há recomendações do período de reentrada. “Para combates de pragas triviais esse prazo é de 6 a 8 horas. Quando se trata de cupins é preciso ao menos de 24 horas de ausência do ambiente”, esclarece o vice-presidente executivo da APRAG.

     
    Baratas sinantrópicas
    Entre as pragas, as baratas tiram o sossego da maior parte das pessoas. Elas fazem parte de um grupo de insetos muito antigo e bem-sucedido que estão no nosso planeta há aproximadamente 350 milhões de anos (cerca de 150 milhões de anos antes dos dinossauros). Este período geológico é, às vezes, chamado “Age of Cockroaches” (Idade das Baratas), devido à abundância destes insetos. Sua morfologia, biologia e comportamento têm permitido várias espécies de explorarem diversificados habitats. 

    O Manual de Controle de Vetores e Pragas Sinantrópicas, elaborado pela Associação, destaca que a grande maioria das espécies de baratas é silvestre e pode ser encontrada em variados nichos ecológicos; contudo, devido à expansão urbana, algumas espécies originalmente silvestres tendem a desenvolver maior proximidade com as construções urbanas (residências e empresas), como é o caso crescente no Brasil, sobretudo em épocas mais chuvosas, da barata considerada peridoméstica: Pycnoscelus surinamensis (barata do Suriname). As baratas domésticas podem ser encontradas em grande número em tubulações de esgoto, fossas, caixas de gordura, motores de eletrodomésticos, jardins e afins, etc. 

    Podem viver e se reproduzir no interior de diversos meios de transporte, como embarcações, ônibus, trens, etc, dispersando-se entre diversas localidades. São insetos de hábitos noturnos, período em que saem de seus abrigos para alimentação, cópula, oviposição, dispersão e, no caso de algumas espécies, voo. Durante o dia aparecem em condições como um excesso de população ou falta de alimento. As baratas podem disseminar agentes patogênicos para alimentos por meio de seu corpo, sendo conhecido um grande número de bactérias, fungos, helmintos, protozoários e vírus transportados por estes insetos. O hábito onívoro e algumas características comportamentais das baratas favorecem a dispersão de muitos micro-organismos, associados interna ou externamente ao corpo. 

    Considera-se existir cerca de 4.000 espécies de baratas, onde cerca de 1% apresenta associação com o homem, assumindo assim, grande importância econômica. Além do conhecimento sobre a biologia e comportamento, é essencial ter conhecimentos morfológicos mais elementares, com o intuito de, a olho nu, ser possível identificar qual a espécie em questão. A Aprag ressalta que o cliente de uma empresa controladora de pragas, em sua grande maioria, não possui conhecimentos mais aprofundados sobre o inseto que lhe está causando incômodo e, portanto, é fundamental que seja possível a constatação ocular pelo profissional que visa controlar a praga, a fim de evitar equívocos. Portanto, deve-se estabelecer a estratégia para o controle em questão, somente após a correta identificação da espécie-praga.

    Foto: Freepik
    Fonte: apragsc

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